Android 9 Pie |
Escrevi ontem a noticia sobre um novo patch para a newlib que irá melhorar seu desempenho significativamente. A newlib foi adquirida pela Red Hat quando esta comprou a cygnus solution. Se buscarmos informações em vários sites, veremos como a newlib é bem mencionada por vários profissionais da área de embarcados.
Daí, surge a questão:
"Se newlib é a biblioteca mais indicada por muitos profissionais para embarcados, por que então criaram a Bionic para o Android?"
A questão é um pouco mais complicada, e para isso temos que entender como a comunidade do Android é regida. A primeira coisa que temos que entender é que há uma política no Android de não haver aplicações sob GPL em seu user space e se houver, você não poderá utilizar o nome Android em seu sistema, vindo a ter que remover o nome Android de todo o sistema operacional que está fornecendo.
Nesse caso, como quem rege o user space é a biblioteca C e a Bionic está sob clausula 2 da BSD (coisa que a Bionic herdou do freeBSD e do NetBSD uma vez que a Bionic é derivada de porções de bibliotecas dos dois sistemas), acho que fica claro o motivo se cruzarmos os fatos. A ideia por trás disso é evitar problemas futuros com o uso de GPL nas aplicações do Android; problemas que já ocorreram com outros projetos e empresas. Por conta desta politica, a maior parte de suas aplicações em user space estão sob licença Apache e algumas partes sob outras licenças como o próprio kernel que está sob GPL (lembrando, não há problema quanto ao kernel pois ele não atua no user space e sim no kernel space), seu terminal padrão que desde a versão 7 do sistema é o toybox está sob 0BSD e vale mencionar até o microkernel Fuschia roda no processo de boot do Android.
Há um misto de tecnologias que são utilizadas no desenvolvimento do Android e expliquei neste vídeo aqui:
E o que isso tudo tem a ver com a newlib? A newlib é uma biblioteca que possui um misto de licenças, sendo uma delas a GPL e com isso, acaba dificultando a adoção da newlib no Android. O que poderia ser feito nesse caso é utilizar as partes que não estejam sob GPL para a criação de algo novo ou até mesmo serem incorporadas a bionic.
Honestamente eu espero verdade é que a bionic venha a ser substituída pela musl. Agora, se você trabalha em um projeto baseado no Android (uma distribuição baseada no Android) e não se importa quando ao uso do nome, aí tanto faz qual biblioteca e sob qual licença que vai rodar no user space, você só não poderá usar o nome Android. Podem haver outras implicações, mas essa é a maior.
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