A ameaça eminente do software proprietário

A ameaça eminente do software proprietário

    Amo open source, amo seu modelo de desenvolvimento e acho muito mais funcional, mas noto que a maioria das pessoas que brigam sem o minimo conhecimento de causa. Tratam o uso de uma solução proprietária como algo abominável, heresia ou que mereçam excomunhão e tudo acaba virando especulação. Esse acontecimento me lembra o livro de Atos 19:32:
 Uns, pois, clamavam de uma maneira, outros, de outra, porque o ajuntamento era confuso; e os mais deles não sabiam por que causa se tinham ajuntado.
    Antes de conhecermos Linux, não nos importávamos com essa "liberdade" de acesso ao código fonte que nos apresentam até chegarmos no mundo Linux. Na verdade, esse conhecimento nos é obscurecido até antes disso MAS um software ser proprietário significa que ele está te espionando (como é o argumento apresentado por muitos puristas do software livre) vindo a vender as suas informações para empresas. Talvez a empresa o mantem proprietário por ser o único a possuir tal ferramenta no mercado, ou ser a melhor entre elas.

    Aliás, a maioria que estão exigindo acesso ao código fonte para NEM SABEM ler código fonte para assim vasculhar por tal informação de espionagem (quanto menos contribuir). Coisa interessante a se notar; esses mesmos acabam tendo conta no Google, assistem vídeos no Youtube (tenho certeza que não utilizam o Gnash; e mesmo se utilizassem), tem conta no Facebook e muito mais. E o pior é que QUASE NENHUM deles fazem doações monetárias rotineiras para um projeto livre. Quer dizer, pagamos por software proprietários, ou até temos a indecência de utilizá-los ilegalmente, mas não temos a decência de contribuir com um livre financeiramente por estarmos satisfeitos em utiliza-los pelo fato de ser bom.

    Como dito pelo economista britânico Chris Anderson em seu livro "FREE: o futuro dos preços" (que alias, é um cara que tem um projeto de hardware Open Source, disponibiliza parte do livro "The long tail" e ainda é umas autoridades do website TED) onde se fatura dando seu produto ao cliente, conseguem uma economia muito alta não somente deixando de pagar licenças, mas também pelo serviço se tornar mais produtivo.  Por várias vezes Linux, Firefox e OpenOffice.org é mencionado.

    Justo é reverter parte desses valores economizados com software open source para os projetos (já que é de interesse de todos utilizá-los por sua eficácia). Isso é necessário para se manter um projeto vivo e lhe daria credibilidade ao exigir o código fonte (que tanto querem). Esses não deveriam nem mesmo ter a honra de utilizar o nome Linux, sabendo que o nome é propriedade intelectual do Linus Torvalds (explico melhor no futuro).


    Lembrem-se que até mesmo a GPL permite cobrar pelo código fonte caso o distribuidor ache interessante. Aliás, analisando a  Liberdade 0 que é "A liberdade de executar o programa, para qualquer propósito" incluir utilizar software proprietário em conjunto com open source (lembrando que software livre se encaixa na lista de open source) e vice versa...

    Está certo que em um festival de instalação de software livre espera-se que tenha software livre, mas não vejo uma distribuição, só por que contem algum software proprietário, apresentar uma ameaça a toda a comunidade sendo que em sua base ele é livre (e acaba dando origem a outras distribuições). É o caso da polêmica que estão gerando em torno do Ubuntu. Como sabem, eu não sou usuário de Ubuntu, mas a distribuição acaba gerando várias outras (e uma família enorme se levarmos inclusive).

Família do Ubuntu
Família do Ubuntu

    Muitas distribuições caíram nesta "lista negra" de serem consideradas não livres. Distribuições como: Debian, CentOs, Caiana, Arch, Fedora, Gentoo, os Mandrivas, Mint, OpenSUSE, Red Hat Enterprise Linux, Slackware, SteamOS e SUSE Linux Enterprise. Se elas, possuindo ferramentas proprietárias, ficam disponíveis para darem origem a outras distribuições, por que não podemos considerá-las livre? (a liberdade de dar origem a outras distribuições). Outra família que faz isso bem é a família Red Hat:
Família Red Hat
Família Red Hat

    Como o Debian vem com software livre, mas ele não me proíbe utilizar soluções não livres, permitindo o acesso ao repositório non-free. Isso sim também é uma liberdade, a liberdade de decidir o que quero ou não utilizar!





A verdade é, p    O que eu percebo que até mesmo os programas proprietários para Linux possuem forte tendencia a funcionar melhor do que a versão para Windows.


    Exemplo disso é que quando eu era mais novo, eu gostava de ler HQs e quando me deparei com um arquivo no formato CBR na internet, comecei a vasculhar para descobrir do que se tratava. E descobri que era na verdade um arquivo RAR.




    Então eu baixei o Winrar no meu Windows, o famoso eterno trial ( Nota: A palavra trial, pronuncia-se tráiul, significa julgamento em inglês; porém não nesse caso; aqui a palavra trial deriva do verbo to try = testar, tentar), instalei e abrir o arquivo. Lá dentro encontrei imagens PNG, então descompactei e lia as imagens que eram as páginas sequenciais.

    Já em uma máquina no Linux, baixei o rar para Linux para continuar lendo a HQ o que não havia terminado. Assim como no Windows, eu achava que iria precisar descompactar os arquivos para ler e para a minha surpresa, no Linux eu não precisava descompactar os arquivos; no Linux o rar abria como se fosse um PDF (show de bola). Tudo bem, talvez eu era um infrator por baixar arquivos de propriedade intelectual, mas considera a época, vai. Eu era jovem na época e ao menos eu tive um aprendizado. Prometo que hoje eu não faço isso mais.

    Eu não estou aqui defendendo software proprietário. Como mencionei, eu acho muito mais interessante o modelo open source. Mas o que eu realmente defendo a liberdade de escolha do que adotar seja do lado de quem vai escolher uma licença (proprietária ou open source) para o seu projeto ou do lado de quem vai utilizar o software.

    Explicando em dois exemplos do por que acho o modelo open source mais interessante tendo o primeiro como em um guia de conectividade mencionam o caso de Hollywood quando Linux foi adotado para fazerem o filme Titanic:
  1. O mar foi feito em máquinas rodando em Linux... ...A questão é que tentaram fazer o mar em dois outros sistemas operacionais (não citando nomes), e não conseguiram. Tentaram por fim fazer em Linux e por incrível que pareça, também não conseguiram em um primeiro momento. Mas como o Linux possui o código aberto, eles puderam modificar o código fonte para as suas necessidades e fazer o mar.
  2. A segunda foi uma experiência que tive em uma empresa que eu prestei serviço por um tempo em que necessitavam de máquinas rodando windows 98 (isso em 2011) por causa da necessidade de uma aplicação desenvolvida somente para eles. A empresa que desenvolvia a aplicação faliu antes que portassem-a para windows xp ou versões mais recentes e tiveram que assim manter o windows 98 por la por essa rasão. Se essa aplicação fosse livre, isso teria sido evitado. como é o caso do LibreOffice, o IllumOS e etc. Caso um projeto descontinue, alguém pode continuá-lo.
     Além disso, open source também facilita no aprendizado tanto na parte de desenvolvimento quanto na parte da utilização do software. Isso devido o fácil acesso a ferramenta. Já no caso do software proprietário, esse acesso se torna mais restrito. Essa é uma das belezas do mundo open source! A flexibilidade, robustez, o dinamismo, a modularidade, a segurança, a velocidade no desenvolvimento.


    Espero então ter deixado claro a minha visão sobre software open source com esses dois casos. Mas esse tipo de ideologia que citei no inicio desse artigo não surgiu através do Linux. No Linux essa ideia é maleável, aceitando fatos que ocorrem no momento. Dentro da própria comunidade que desenvolve do kernel Linux, antes que Linus escrevesse o Git, esse ótima sistema de controle de versão distribuído que conhecemos e utilizamos até para baixar códigos do GitHub, os desenvolvedores utilizavam o software proprietário BitKeeper como ferramenta de gerenciamento de controle de código fonte (SCM) para manter o projeto. Eles não tinham problema algum quanto a utilizá-lo por ser proprietário, pois nenhum outro SCM livre tinha o mesmo potencial e desempenho, até que Andrew Tridgel realizou engenharia reversa nos protocolos do BitKeeper e Larry McVoy (proprietário do BitKeeper) removeu o direito de seu uso gratuito. Daí surgiu a necessidade de Linus dar inicio ao Git que hoje é mantido por Junio C Hamano. Bom, você pode então vir a dizer:"Está vendo? Foram proibidos de usar!".
 Sim, realmente foram, mas se isso não tivesse acontecido, até hoje os desenvolvedores do kernel estariam utilizando-o sem nenhum problema ou (digamos) preconceito por não ser livre /* e não teríamos o Git :-(. Espero que consigam entender o meu ponto de vista*/.

 Falando mais sobre o kernel, a principio era utilizado o compactador Gzip do projeto GNU, depois passaram para o Bzip2 que está sob licença no estilo BSD e hoje utilizam o xz (acho muito show esse compactador do projeto Tukkani que surgiu como uma distribuição derivada do Slackware e hoje já não existe mais, mas os trabalhos da distro deram origens a outros subprojetos com o xz).

 Mais uma coisa, a chave de verificação PGP utilizada no kernel pode ser verificada com o proprietário, o mapa que utilizam para encontrar seus proprietários não é o Open Street Maps, se bem que eu gostaria que fosse, mas não é; eles utilizam o Google Maps.


 Então, a minha opinião final sobre o assunto é, como em uma palestra que assisti recentemente sobre LPI e seu valor no mercado de trabalho: "Utilize software open source, dê prioridade a ele, mas se uma ferramenta livre que é necessária para o trabalho não atende a necessidade, use uma proprietária. Não dá; encaremos a realidade."
 Acrescento que, utilize uma solução proprietária caso as livres não atendam a necessidade, até que venha a surgir uma livre que corresponda a altura (ou quem sabe, melhor). Fique entre termos, seja maleável a aceitar opiniões e situações momentâneas. Belê? :-)
 Um exemplo básico para o leitor de algo que está na moda, é o Whatsapp. Passei a utilizar o Telegram (ainda mais pelo fato de ser livre; dou prioridade a soluções livres), mas quando eu enviava imagem, o arquivo chegava em uma compressão tão grande que não era possível ler o que estava escrito; então eu voltei ao Whatsapp até o Telegram melhorou (e muito).

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