Quanto de GNU realmente há no Linux?

Olha um assunto interessante. O ano passado eu havia feito o Vídeo chamado "Linux é somente um kernel. Será mesmo?" onde refuto tal ideia (sim, exatamente isso, eu refuto essa ideia) que é totalmente errada. Erra por que existe bem mais do kernel no Linux há uma longa data. Pelo visto muita gente não entendeu e isso me deu brecha para mais um vídeo explicando na prática; mas por hora, assista novamente o vídeo:


Neste mesmo vídeo debato o argumento (pobre) utilizado pela FSF no artigo (longo e cansativo que mais parece um monologo) Linux e o GNU para creditar o nome GNU no Linux. Na verdade a FSF tenta colocar o GNU com maior relevância do que o Linux utilizando por exemplo a distribuição gNewSense:
Se tentássemos medir a contribuição do Projeto GNU dessa forma, o que concluiríamos? Um distribuidor de CD-ROM percebeu que em sua “distribuição Linux”, software GNU era o maior contingente único, por volta de 28% de todo o código-fonte, e isso incluía alguns dos componentes essenciais sem os quais não poderia haver sistema. O Linux, por si só, representava por volta de 3%. (As proporções em 2008 eram similares: no repositório “main” do gNewSense, Linux era 1,5% e pacotes GNU eram 15%.) Assim, se você for escolher um nome para o sistema baseado em quem escreveu os programas no sistema, a escolha simples mais apropriada seria “GNU”.
Pedro Côrte-Real resolveu analisar o código de um lançamento do Ubuntu para satisfazer sua curiosidade e compreender o quanto de GNU há na verdade em uma distribuição Linux.

não sei qual a satisfação que eles tem com isso, perdem um tempo enorme e gastam muita energia com essas coisas ao invés de escrever bom código, confundem a cabeça das pessoas e não geram bons resultados. Mas bom, vamos agora a o que realmente interessa que descobri algum tempo.

O português Pedro Côrte Real resolveu realizar uma analise no Ubuntu para descobrir o quanto realmente de GNU existia no sistema, e o que ele descobriu foi o seguinte:
Bem diferente do que a FSF demonstra do gNewSense. Não.
O resultado foi que há menos GNU do que o próprio kernel e que há o mesmo tanto de KDE que GNU. De acordo com Pedro, não foi contado o Gnome já que a distribuição que estava utilizando não estava rodando o Gnome; mas esse numero subiria para no máximo 13% (o que não é um grande número sendo que seria somente 5% maior que o kernel).
A figure 2 demonstra a divisão da categoria GNU em seus componentes. Como você esperaria, glibc/gcc/binutils/gdb são os itens grandes. O que me impressiona nessa divisão é que aproximadamente todos esses pacotes contem alternativas populares em uso. Parece que você poderia montar uma distribuição totalmente funcional em qualquer software GNU e não causar muita pertubação ao usuário final. gdb é provavelmente a exceção notável e ainda é usado mesmo por aqueles que evitariam software GNU, como o FreeBSD.
Divisão de pacotes GNU no principal repositório do Ubuntu natty. Passe o cursor em cima da imagem para ler a tradução do texto original
A primeira coisa que alguém provavelmente dirá é que esses dados são de 2011; tudo bem, mas os da FSF são de 2008... Mas duas outras coisas que ficaram faltando serem consideradas pela FSF são:

  1. O quanto de outros projetos há no GNU (aí esse percentual cairia bastante. No próprio video "A verdade sobre o Hurd" mostro que há código do kernel Linux no kernel Hurd...)
  2. E o quanto de código realmente é útil (porque muitas vezes possuem código que ninguém quer ou precisa).
Então eu fico por aqui, até o próximo artigo.

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